2.8.02

Estou realmente apaixonado. Ela é demais. Nos vimos domingo, segunda, terça e hoje. Que gata... cheia de energia, carinhosa até dizer chega. Como ela mesma colocou numa lista que a gente participa "Estou em estado de graça". Eu também.

E tem mais uma boa notícia: consegui um estágio em outra agência de publicidade. Não posso dizer qual, mas vou ficar na área de RTV, depois de quase ir parar em Pesquisa (blergh!). Show de bola. Quem sabe desta vez eu deslancho!!!

Epílogo:

Vênus, obrigado por tudo. Peço a tua benção nessa nova estória; que eu não economize amor e amor não me seja economizado. Que a tua luz e energia se façam presentes em absolutamente tudo que envolve eu e ela, para que possamos ser felizes. Sou teu servo, querida Vênus. Brilhe para mim.

28.7.02

S2 realmente foi pro saco. Lição do dia: nunca tenha nada sério com alguém que você não acha absolutamente fascinante. Ela tinha diversas qualidades, mas não era o suficiente. Pelo menos não para mim. Sábado começou uma nova estória: M3. Uma GATA 17 anos (!) mais velha do que eu, com cara de 15 anos a menos, bruxa para caramba. Wish me luck, dear Venus!

18.7.02

Surprise, surprise. Meu caso com S2 terminou. Por que, nem eu sei direito. Digamos que as coisas ficaram mais complicadas do que eu esperava... e que eu não gostava dela o suficiente. Legado de S., claro.

Vou tirar férias espirituais. Deixar as viagens astrais de lado, me preocupar com a vida aqui embaixo mesmo. Aconteceu tanta coisa inacreditável nos últimos 3 dias que não dá nem para colocar aqui.

O estágio com o Carlão não será possível, e minha maravilhosa câmera está sem uma das baterias e um dos cabos. Estou rezando para ambos estarem com o Tiago. Se não estiverem, I´m really fucked.

See you.

9.7.02

As chances subiram para 95%. Nos vimos sábado e segunda-feira. Um puta carinho, afeto, cuidado, paixão, tesão. Deus realmente caprichou nessa. E o mais engraçado é que a única coisa que eu poderia (se fosse um idiota) reclamar, que é que ela está um pouquinho acima do peso, vai ser "consertada" quinta-feira. Acreditem se quiser, ela vai fazer uma lipoaspiração. Eu já acho ela linda como é; já curto demais o corpo dela assim mesmo, imagina depois da operação? Show de bola. Eu nunca esperava que tanta coisa boa ia acontecer depois do inferno que eu enfrentei...

5.7.02

80% de chance de estar namorando de novo! Isso mesmo, estou falando de S2. Que loucura, meu Deus... Saímos ontem e nos beijamos pela primeira vez, do jeito "tradicional". Fantástico. Estou sentindo que se isso virar namoro mesmo (pra falar à verdade, eu já encaro como namoro) vai ser uma relação muito gostosa, simples, totalmente o oposto do que foi com a S. Obrigado, Deus.
Dei uma emperrada no livro. Sabe como é, cheguei numa parte meio chata e acabo me empolgando menos... Mas eu supero, é só não desistir!
Espiritualmente, dez! Que fase maravilhosa.

Bem, por hoje é só, pessoal.

28.6.02

I´m back. Esqueci desse negócio, para falar a verdade. Estava antenado em outras estórias, possíveis trabalhos, possíveis casos. Segue uma breve atualização, embutida em um pedido de desculpas:

Relacionamentos

Estou saindo com S2. Ela é fantástica. Uma puta mulher, no bom sentido. Acho que gosta de mim. Eu gosto muito dela.

Trabalho

Desemprego. Estou escrevendo um livro, que pode virar um roteiro. Estou me divertindo horrores.

Espírito

Flying away. Estou numa fase muito legal, aprendendo bastante.

Bem, é isso. Goodbye.

7.6.02

O gato voltou. Seco, fraco, esfomeado, porém vivo. Bom. Não vi a S. desde então. Falei com ela, conversamos, só que fui viajar no feriado para a praia e não deu para a gente se encontrar. Foda. E eu que achei que esse Sábado ia dar samba... Doce ilusão. Ela vai trabalhar no litoral norte. E so volta no Domingo à noite, morta de cansaço, porque vai ficar sem dormir por quase dois dias... Essa vida não é fácil.

A terapia está sendo ótima. Foi a melhor coisa que eu podia ter feito. Estou crescendo pra caramba, resolvendo grilos, me conhecendo mais. Acho que este fim de semana vou no encontro da lista dos Voadores. Preciso sintonizar coisas mais elevadas, cuidar um pouco do espírito, para tirar a pressão do emocional. A dor ainda me acompanha, mas pelo menos não consegue mais me nocautear. Que merda que é estar apaixonado. Que merda que é se arrepender dos nossos atos, e ser obrigado a simplesmente aceitá-los.

Conheci outra garota interessante. S2. Talvez faça alguma coisa no fim de semana com ela. Quanto a M2, não deu em nada. Não consigo ficar correndo atrás de uma mulher se já estou apaixonado. Hoje vejo que a única saída é viver miúdo, cultivar amizades, fazer coisas que eu gosto. Sem expectativas. Estou ligeiramente down hoje. Pouca coisa, porém down assim mesmo. So long, friends.







27.5.02

Fui para Campos do Jordão de repente, a convite de V. Vocês acreditam que ela vai VOLTAR para a Itália? Quando eu soube, quase caí da cadeira. Tudo bem que eu já estava indo meio desencanado, afinal ela gosta do namorado, mas tomei um susto e fiquei branco que nem um fantasma. Demorei um pouco para superar o choque.

O fim de semana foi gostoso, adoro ela e a D., amiga dela. Também conheci melhor o pai dela, um PUTA cara, gente finíssima. É óbvio que não rola nada entre eu a a V. além de uma amizade antiga, talvez de outras vidas. Mas isso não é suficiente? Ainda mais quando ainda estou meio enrolado com S... Pra quê me violentar, ou "me enganar" que estou apaixonado? Tudo bem que só uma paixão ajuda a superar outra, mas tem que ser de verdade. Se auto-iludir é muito fácil, e sempre dá merda.

O gato da S. ainda não deu sinal de vida. E eu não consegui fazer nenhuma viagem astral em todos estes dias. Talvez, muito talvez, se eu conseguir tirar um cochilo esta tarde, dê para fazer alguma coisa. Só sei que algo está me prendendo aqui embaixo - não está fácil sair do corpo. Estou preocupado com ela. Aquele gato era praticamente a única companhia dela naquela casa - ela realmente amava o bicho. Fico me perguntando o porque disso; por quê mais sofrimento? Acho que só Deus pode responder (se Ele quiser).

Hoje ligo de novo para M2. Talvez jogue ela na parede, coloque um pouco de Marte na jogada. Quero conhecer ela melhor, e ponto! Não estou apaixonado, não quero namorar de cara. Só quero conhecer ela com calma, saber que tipo de pessoa ela é - algo que nunca fiz antes. Wish me luck.

Minuto-sagrado-profano:

Deus, peço que a dor que me atinge seja aplacada pelo teu amor. Que os momentos de fraqueza sejam cada vez mais reduzidos, que a minha força interna irrompa desse mar de cinzas. Me identifico com este Deus Interno e assumo minha divindade, a perfeição dentro da imperfeição humana. Deus, Pai, me coloque no Teu caminho, me mostra as Tuas pegadas. Preciso muito de você. Te amo.

Minuto sagrado-profano encerrado.

23.5.02

Querido diário,
desculpe por não escrever em você. Na verdade, nestes últimos dias o vírus da preguiça aguda me atacou e uma alergia me impedia de sequer tocar no teclado... pelo menos quando era para atualizar você. Eu sei que é um ato mau, que eu não vou para o céu, nem se fala presente do Papai Noel, mas eu tinha coisas mais importantes para fazer do que ficar contando a minha vida para o resto do mundo (teoricamente)... Ah, foda-se.

Okay, update!
O gato da Gata (S.) sumiu. A coitada está tão triste... E eu aqui sem poder fazer nada. Vou tentar localizá-lo com uma viagem astral, mas mais loteria que isso...
Fiz uma apresentação péssima do trabalho de Comunicação Comunitária. Nas coxas, desorganizada, um lixo. Graças a Deus tenho um 8 na N1 e posso ir mal na N2.
M2 não dá sinal de vida. Vou ligar de novo, mas só na semana que vem.
V. volta amanhã. E eu acho que é aniversário dela no fim-de-semana. Oh, fuck.

20.5.02

PS: não existe hipótese no último post (agora, antepenúltimo). Eu havia escrito alguma coisa do gênero e apaguei justamente porque estava "muito confuso". Ah, esse mundo dá voltas...
Hello, earthlings... A maré de preguiça continua. Acho que a hipótese do último post é a correta mesmo - escrever no blog DURANTE O TRABALHO não é trabalho e em casa É. Daí a preguiça, afinal acabo tendo que TRABALHAR para escrever (tá eu desisto de explicar). Imagina deixar aquele meu único e fiel leitor - provavelmente eu - sem atualizações diárias da minha interessantíssima vida? Seria o CAOS!
Depois desse parágrafo enlouquecido (estou ficando com sono), digo que as coisas vão bem: S. me mandou um e-mail carinhosíssimo dizendo que adorou "o jantar, a energia, a companhia, o tesão" e que me faria companhia hoje, se a gente fosse passear no Ibirapuera ou coisa parecida. Fiquei feliz e já liguei para ela para agradecer o email, para dar bom dia e tal... Eu sou um bobo mesmo, eu sei, o amor deixa a gente assim. É óbvio que eu gosto dela, mesmo longe (ou teoricamente longe). Aliás o subject do e-mail dela era "Gosto de você!". Quem conhece S. sabe o peso que isso tem, e o que indica do futuro. Não tenho esperanças de voltar o namoro, ou começar do zero, mas espero poder desfrutar da companhia dela por um longo tempo. Pode ser indefinido, mas é maravilhoso e é tudo o que a gente tem no momento.
É só falar nela que eu desembesto. Juro que ligo para M2 amanhã - talvez essa seja a primeira vez que eu "conquiste" uma mulher antes de me apaixonar, simplesmente porque já estou apaixonado por outra - e esse negócio de ambiguidade na conquista ("gosto de você, mas estou preso no passado..." "não quero um relacionamento sério agora") é o que deixa todo mundo louco. Quero ver onde essa estória vai dar.
Na FAAP, finalmente recebi os diplomas pelo último Festival de Vídeo, aquele em que eu e o meu grupo ganhamos 3 prêmios. Vai ficar bem no meu curriculum. Acho que por hoje é só. Até que foi bastante texto para a preguiça que me atinge. Au revoir.

19.5.02

Estou com preguiça. O jantar com a S. foi um tesão. Vi ela de novo hoje. Não estamos namorando. Estou resignado. Vou ligar para M2 assim mesmo. Vi Homem-aranha no Sábado. Câmbio e desligo.

17.5.02

Presente para vocês: uma resenha crítica. Ah, não façam essa cara de criança que ganha roupa do Papai Noel. Juro que tá bem escrito - só não garanto que alguém vá ter um orgasmo com o texto ;)

A República dos Argonautas
Luis Eduardo Garcia Levy

O período da ditadura é tido como um dos mais negros na história do Brasil. Enquanto alguns mal se recordam da censura e costumam espalhar aos quatro ventos o quanto o país era “organizado” naqueles tempos, outros trazem no prório corpo as marcas da repressão militar - e as carregam por toda a vida. Foi um período de muita dor, perseguições, assassinatos políticos e as infames torturas, estas com lugar garantido na memória de todo mundo. No entanto, o curioso é que foram justamente as décadas de 60 e 70, quando a censura e a violência do governo atingiram seu ápice, que originaram movimentos como a Bossa Nova, a Tropicália, a Poesia Concreta e o Cinema Novo, indiscutivelmente as mais criativas manifestações de talento da história recente. Nunca a cultura brasileira fora tão reprimida e, ao mesmo tempo, tão brilhante, a ponto de destacar-se na cena cultural do resto do mundo. Sem dúvida, tais manifestações foram essenciais para a retomada da democracia – e o último prego no caixão da ditadura.

Nesse contexto temos A República dos Argonautas, de Anna Flora. Através das recordações de uma menina de 14 anos (que pode ser fictícia ou não), a autora dá um testemunho pessoal do que teriam sido os últimos momentos da ditadura, mais precisamente o ano de 1979. O livro é escrito de forma coloquial, como um diário, e cobre a chegada à semi-inexplorada Vila Madalena de um grupo de estudantes da USP, a República dos Argonautas do título. Só que Anna Flora não cede à tentação de apenas escrever um “Confissões de Adolescente contra a Ditadura” e mistura habilmente a trajetória da protagonista e seus novos ídolos com os heróis da mitologia grega. Assim, utilizando-se da conquista do velocino de ouro como metáfora da conquista da democracia, a autora acaba expondo de forma muito clara o panorama político da época - talvez até demais.

A intenção de Anna Flora é evidente ao longo da leitura. Não satisfeita com uma apreensão apenas intelectual dos valores em destaque – o espírito de comunidade e a participação política – a autora investe também no terreno emocional e pinta todas as situações em tons sépia, como folhas amareladas em um livro centenário. Tudo é luminoso, artístico, gracioso. A Vila, sem meias palavras, é o Paraíso na Terra; cada situação tem um quê de nostalgia, de amizade e compaixão. Até mesmo os trechos mitológicos são impregnados deste espírito – Anna Flora conta a estória de Jasão através da voz da protagonista, resultando em gírias, coloquialismos e adaptações variadas, necessárias para a junção das duas estórias no final do livro. A moral da estória é óbvia: aqueles que resistiram à ditadura foram verdadeiros heróis e devemos seguir o seu exemplo para construir uma sociedade melhor do que a nossa.

Mas tudo tem um porém e este é dos maiores. Admito que é muito difícil criticar uma obra como A República dos Argonautas. Como apontar uma falha em um livro cujas intenções são tão nobres? Parece até um tipo de sacrilégio, uma violência como aquelas cometidas pelos militares. No entanto, esta falha existe sim - maniqueísmo. Enquanto desfia críticas e mais críticas aos “alienados políticos” ao longo do livro, a autora inadvertidamente repete o metiê de nove entre dez produções hollywodianas e divide o mundo entre mocinhos e vilões, como se a realidade política brasileira fosse apenas mais uma batalha na luta do “bem” contra o “mal”. Seus argonautas são todos perfeitos “heróis” da guerra contra a ditadura e os militares, por sua vez, “hárpias” burras interessadas apenas em fazer reprimir o “alegre” povo brasileiro. Não consegui deixar de notar quão artificial tal divisão soa – cheguei a me irritar em alguns trechos. Entendo que seja uma obra infanto-juvenil, mas acredito que enveredar pelo maniqueísmo deveria sempre ser a última opção, ainda mais quando se trata de adolescentes, radicais por natureza. O livro simplesmente ignora a existência de terroristas, mentirosos, militares “bons”, todos aqueles tons de cinza que compõe a maioria de uma população – e não o contrário. Ao optar por esta via, Anna Flora perdeu muito do meu respeito, porque utilizou-se das mesmas armas dos militares - um “Pra frente, Brasil!” de esquerda.

A conclusão é uma só: A República dos Argonautas tem muito valor sim, mas derrapa ao simplificar demais as coisas (como tudo o que foi produzido pela Indústria Cultural nos últimos anos). Não deixa de ser uma pena, mas esta é a realidade. Ao tornar seu livro “bonitinho” e digerível, Anna Flora vendeu sua alma simbolicamente. O próximo passo podia ser um desenho animado para as manhãs de sábado, uma lancheira com os argonautas, um Argos de brinquedo e talvez até mesmo um jogo de videogame... Parece piada, mas é isso que acontece quando se sacrifica o que existe de mais sagrado na arte, que é levantar questões e contestações INDEPENDENTEMENTE de “bonzinhos” e “mauzinhos”, pela necessidade implícita de um best-seller. Coisa que este livro com certeza é com seu público-alvo.

THE LAST DAY. O úrtimo dia. Para quem não entende inglês ou caipirês, eu disse que este é meu último dia aqui na OWL. Mas não estou destruído; já estava me preparando psicologicamente há duas semanas para estas fatídicas horas. Na verdade, estou até um pouco aliviado porque, como eu já havia dito aqui, uma Coceirinha Cinematográfica já estava se esgueirando por baixo da minha pele - aquele desejo instintivo de me expressar por imagens e som. Isso é muito bom, porque o oposto disso, a Preguiça da Película (marca registrada), às vezes me fazia pensar se havia escolhido a profissão certa. Vou tentar "colar" em dois diretores: Carlos Reinchenbach e Beto Brant. Wish me luck.
Na área relacional (para ficar mais chique), liguei para M2. Aparentemente, ela ficou muito feliz de eu ter ligado. Vou tentar combinar de assistir o Homem-Aranha no domingo com ela, já que o Sábado à noite está reservado para a S. Me sinto ligeiramente infiel com tudo isso, mas não estou namorando, então... Para começar, se ao menos tivesse sido infiel antes, teria matado a vontade com a G. no trabalho e NÃO teria terminado com a S. Essa é a dura verdade. "Ruim desejar outra, pior se conter e fazer besteira justamente com quem você ama".
Vou curtir a estória com M2 com muita calma. Tudo devagar, humano, longe de dissecações astrológicas e afins. Quero viver uma estória normal, pelo menos uma vez na vida. Algo me diz que essa pode ser a chance que eu estava pedindo há quase dois meses - alguém com cacife suficiente para me fazer desencanar da S. Oxalá.

16.5.02

Dá pra acreditar que a S. me ligou hoje no trabalho? Quando eu começo a sossegar (e finalmente pensar em outra mulher) ela vem e me liga... É foda, eu adoro a voz dela. O corpo dela. A jeitinho que ela pronuncia algumas palavras. Resultado: vamos sair Sábado à noite. "Eu quero fantasia" - ela disse. Vinho e poesias. Ah, essa mulher...
Quanto a M2, a jornalista, vou ligar para ela amanhã, eu acho. Não posso cometer o mesmo erro de sempre, que é suspender todo o resto por causa da S. Foi assim que eu acabei assim, com pouquíssimos amigos que de fato me ligam e praticamente NENHUMA amiga nova. Então vou ligar e ver o que acontece.
V. volta dia 24. Já tirei a segunda via da minha habilitação e ressuscitei a carteira antiga - um trambolho perto da que me foi roubada. As coisas estão ficando interessantes.

15.5.02

Rápido e rasteiro - como dizia o bom e velho Raimundo - fui assaltado no trânsito, ontem. O filha-da-puta do ladrão levou minha carteira e meu amado (sic) celular. Ah! a falta que você me faz, querido Nokia 8260... Perdi dezenas de números de telefone. E fiquei até a meia-noite na delegacia, assistindo Big Brother Brasil 2, a Revanche.
No entanto, preparem-se para algo bizarro. Na delegacia estavam três garotas:uma vítima, a irmã e a amiga. A amiga era uma deusa. Inteligente, sensual, simpática. E não é que eu saí da delegacia com o telefone dela?! Holy fuck! Atenção para as coincidências: no mesmo dia eu havia entrado pela primeira vez no site do IG e ela é JORNALISTA do IG. Eu havia dito para a S. me ligar em casa e falar que era a M2 (nome não-identificado) e o nome da garota ERA M2. E por aí vai. Nem eu acredito, para falar a verdade.
Será que o assalto fazia parte de um Plano Maior? Será que essa garota vai ser alguém importante na minha vida? Perguntas, perguntas, perguntas! Acho que Deus resolveu me ouvir (ou eu resolvi ouvir ele, sei lá).
E olhem só: ontem eu havia feito uma boa ação. O velhinho (sim, estou falando de Deus) está que nem aqueles cientistas malucos, elétricos no meio da madrugada, inventando alguma coisa que vai revolucionar o mundo. Estou ansioso para ver o que é.

MICRO-MINUTO-ESPIRITUAL: Obrigado, Deus, pela minha terça-feira. Tenho certeza de que tudo o que aconteceu tem uma razão - que é o bem maior. Obrigado, Pai. MICRO-MINUTO-ESPIRITUAL encerrado.

14.5.02

Vida louca / Vida breve / Já que eu não posso te levar / Quero que você me leve

Invoquei Lobão porque esse negócio que a gente chama de vida é realmente meio lunático. Não sei mais nada. Eu e S.? Um mistério dos mais misteriosos. Acho que estou num episódio do Além da Imaginação: nada faz sentido, e ao mesmo tempo, tem uma lógica interna totalmente distorcida. Se a vida é isso, beleza. Eu topo o desafio. Que venham S., V., M. e todas as outras que (por enquanto) eu ignoro. Não tenho medo de vocês, nem do Futuro. Porque, lá na frente, EU devorarei esse Futuro e ele será Passado. Assim seja.

13.5.02

Como que alguém exige distância em uma sexta-feira e liga no sábado à meia noite, "para saber como você está?" É por isso que essa mulher me deixa louco - ela é totalmente imprevisível. Eu nunca sei o que vai acontecer; se a gente vai se ver, se a gente vai ficar, se eu vou esquecer ela de vez. E o pior é que foi justamente por isso que eu me apaixonei. De qualquer forma, eu queria saber qual o karma que eu tenho com ela, para pelo menos saber o que eu fiz para merecer isso. Ia ser interessante.
Estou cada vez mais firme na decisão de viver a minha vida direito e simplesmente ser feliz - COM ou SEM ela. Mas não é nada fácil. Me desapegar de tudo o que a gente tinha (para não falar de sexo) está sendo mais difícil do que parar de respirar. Mas estou tentando. E, pelo menos, já consigo fazer as minhas coisas com uma relativa independência da zona que são os meus sentimentos... Yeah, feelings ARE a bitch.

11.5.02

Sejamos lacônicos novamente (sim, estou com preguiça):

B) Ela me exigiu distância;

Consequentemente...

C) Irei preservá-la.

A conclusão é uma só: a energia que eu iria gastar na luta por ela será canalizada para um nobre objetivo: minha felicidade pessoal. Fiz tudo o que podia; até exagerei. De que adiantam heróis se aqueles em perigo não querem salvação? Ela já deixou tudo para trás, então tenho que fazer o mesmo. Simples assim. Só falo uma coisa: fuck it.

10.5.02

Tem algo muito estranho acontecendo comigo: pareço estar tendo explosões súbitas de energia, como as tempestades solares, intercaladas por uma melancolia pegajosa. Observem: ontem o dia começou super devagar, tudo acontecia em câmera lenta. Almocei e quase chorei na hora de pagar a conta, por exemplo.
Então, de volta à agência, sentei no sofá e meditei por uma hora, mais ou menos. Comecei a melhorar e, de repente, tive uma iluminação. Ou melhor, uma daquelas explosões nucleares a que eu me referia no primeiro parágrafo. Olhei para o passado sem julgá-lo e me dei conta de que tudo de bom que aconteceu entre eu e S. não teria acontecido se eu não tivesse sido "louco" diversas vezes. Esse deve ser o segredo do verdadeiro amor - entrega absoluta sem dependência absoluta. Então, decidi lutar até a última gota de sangue e só parar se:

A) Estiver exausto;
B) Ela me implorar e/ou exigir distância;

Enquanto restarem coisas ambíguas e energia, continuarei lutando. Resultado: passei o dia ansioso, esperando a hora de sair do trabalho e aparecer de surpresa na casa dela, para nós jantarmos juntos e conversar. Adivinhem o que aconteceu. A mãe dela me disse que ela não estava em casa e que "ia chegar tarde". Fuck. Aí fui direto para a casa da amiga dela, P. Fiquei lá meia hora, esperando. Na minha cabeça, se ela saiu com amigas só podia estar com a P, porque ela não tem mais nenhuma amiga próxima. Fuck, again. Elas não iam se ver aquele dia - S. estava ilocalizável, para variar. Então finalmente desisti e voltei para casa. No caminho consegui falar com ela do celular. Ela vai me ligar hoje.

Pareço um alucinado, né? Eu sei. Cheguei à conclusão de que o meu Marte está muito mais ativo do que o normal. E Vênus também, que é sensibilidade e amor em geral. Me pergunto se eu errei ontem; se não deveria ter ido para a faculdade e ponto final. Por incrível que pareça, no entanto, acho que agi certo. Ou você luta pelo amor ou desiste de amar. E se torna infeliz. Tenho que esgotar esse amor dentro de mim, de uma forma ou de outra. Mas como fazer isso sem atropelar a S. e preservar a minha sanidade?
O caminho é um só, e deve ser seguido à risca. Vamos a ele:

A) Lutar até o último fio de cabelo para tê-la de novo comigo;
B) Independente do ítem A, tocar a minha vida em todos os sentidos. Não devo ficar esperando por ela ou criando situações de ansiedade;
C) Preservá-la. Não invadir seu espaço, respeitar suas decisões;

Sei que os ítens acima parecem brigar entre si mas é essa a beleza da coisa. São antinomias. E essa palavra complicada, que é uma mistura de paradoxo com opostos que coexistem simultaneamente, é a base da lógica do coração e, por sua vez, do amor. Só falando a língua desse amor posso botar ordem na casa - o negócio é "fogo contra fogo" mesmo.

Interlúdio espiritual: Deus, eu sei que sou um chato e fico te pedindo coisas o tempo todo. Mas insisto, já que você disse "Peças, e receberás". Por favor, ilumine cada ato e cada pensamento meus. Me mostre o caminho com um coração, a melhor opção, sempre. Prometo que tentarei ler os teus sinais e não sempre seguir em frente feito um bode entupido de anfetaminas. Pronto, interlúdio espiritual encerrado.

Mudando absurdamente de assunto, finalmente assisti à "Cidade dos Sonhos" (Mulholland Drive), do David Lynch. O título nacional até que é adequado, mas conta demais do filme. Mas como estou com preguiça neste exato momento e não pretendo perder meus dedos de tanto digitar nessa merda de teclado, não vou analisá-lo agora. Só digo duas coisas: primeiro, o filme é um TESÃO e as duas atrizes principais também merecem o mesmo adjetivo. Segundo, para variar, você não vai entender nada se não tiver entendido "Estrada Perdida" (os poucos que entenderam, diga-se de passagem). Então esse é o meu conselho: Lynch só fala por símbolos. Seus filmes são verdadeiros tratados de psicologia - tudo é projeção e fantasia. Num próximo post, prometo que dou a minha explicação. Yo me voy, ahora. Hasta la vista.

9.5.02

Resolvi ler de novo a trilogia "Conversando com Deus". Algo me chamou de novo para os livros - acho que a minha alma. São impressionantes, todos. Com uma linguagem simples e direta, conseguem passar conceitos complicados como a origem de todas as almas, o tempo, o destino. E também mostram um Deus muito humano, um paizão que é só amor, não julgamento. Preciso deste Deus. Esse negócio de querer me manter sozinho, com a minha energia e ponto final, não tá dando muito certo. Preciso de um pai lá no alto (em sentido figurado, até porque o meu pai é alto pra caramba ;).
Essa estória com a S. mexe demais comigo. Às vezes dá vontade de estapear o meu coração, encher ele de porrada e dizer "Desencana, porra!" Mas não consigo. O amor consegue ser uma benção e uma maldição ao mesmo tempo. Parafraseando o último post, resta apenas esperar a chuva passar, ou torcer para que germine alguma coisa. Estou meio down. Muito longe da depressão, mas down assim mesmo. Eu devia ter escolhido o nível de dificuldade "easy" antes de entrar nessa joça.

8.5.02

Tá bom, eu sei que havia dito que iria seguir em frente com a minha vida. Mas não posso deixar de postar aqui um dos textos mais bonitos que já escrevi até hoje, dedicado a minha ex-namorada. O texto nasceu na noite do último Sábado, num momento de muita saudade, dor e esperança. Acho que daí é que vem a sua beleza. Só o amor é capaz de produzir algo assim.

Reencontro

A chuva sempre estava lá. Talvez fosse um símbolo de momentos em que o coração falava mais alto. Talvez fosse apenas o tempo mesmo. Mas ele sabia que as gotas que mergulhavam do céu, meio suicidas, sempre anunciavam uma grande dor. Seu coração chorava – e com ele as nuvens daquele mesmo céu. Algumas vezes choveu no começo de um novo amor, naquele período indefinido em que euforia e desespero se misturam. Outras, nos últimos dias, nas últimas horas, naqueles resquícios de paz tão duramente abandonados. Esta era a primeira vez que chovera durante toda uma relação. No começo sofrido, em quase-fins, recomeços, finais agoniantes e agora, no último e difícil recomeço, aquele agraciado pela maldição de uma maior consciência... aliada à saudade enlouquecida.

Estava parado sob uma árvore, com um abismo logo à frente. Era noite. Ela parecia estar além desse abismo, imersa em nuvens para ele negras e inacessíveis. Só que não estava esperando por ele; surgia pensativa, tranquila, longe. Era isto, e não a distância, que o matava por dentro. Porque ele sabia que era responsável por tudo. Por ela. Pelo amor cativado a duras penas, pela guilhotina e pelo pincel. “Como pode a chuva trazer simultaneamente visão, aperto, ajuda e alento? Como é possível que a Natureza saiba sempre a perfeita intensidade das gotas cálidas, o tom exato dos corações dos homens?!” Ele chovia por dentro. E tentava escutar o que a chuva lá fora tinha a dizer.

Queria pular no abismo. Melhor morrer lutando por ela, envolto nas ondas violentas da paixão, do que apodrecer na morosidade do superficial. Ele grita por ela; ele arqueja o peito numa nota de desejo furioso e cai ao chão, cobrindo o rosto com o cabelo despenteado. Então ela vê seu desespero, de longe, e aproxima-se em sua nuvem. Ele se surpreende, olha para o alto. Não são nuvens negras. E, absurdo, por trás destas existe um Sol.

O vento dá voltas em torno dos dois. Ela traz nas mãos uma pequena caixinha chinesa, vermelha. Ela sorri. O vento grita junto com ele, ajudando-o. “Sejamos dois a rasgar a terra com a nossa voz!... S. !” Ela olha-o nos olhos. Uma lágrima desobediente desce pelo rosto, caindo sobre a caixa. No fundo, trovões e raios assistem ao espetáculo de duas almas que se amam, lutando para reencontrar-se. Então a caixa mostra vontade própria e deixa a mão dela. Cruza o ar, a chuva, recebendo um empurrãozinho do vento. Vai parar nas mãos dele, sujas de terra. Ele a abre e nada vê. É então que uma luz suave começa a sair da caixa, caminhando pelo seu peito até tocar seu coração. Ela diz “De um amor que antes envolvia o mundo restou apenas esta caixa. Foi tudo o que pude guardar, depois da última grande tempestade.” Ele chora de alegria. Aquele átomo de amor é tudo o que ele precisa. Primeiro surge um, depois dois, seis, dez, vinte, logo são centenas de milhares de vagalumes iluminando os dois.

A caixa não está mais lá. No peito dele vibra uma energia vermelha, tendendo para o rosa. Um raio menos sutil escorrega no horizonte, desastrado - já são muitos assistindo. Sobre um monte de areia, o Tempo pisca os olhos para ele. Diz, baixinho “Não precisa ter medo de mim. Sou parte de você. Siga em frente, e só olhe para trás para relembrar momentos felizes”. Em outro canto, de pé sobre um canteiro de flores, está a Esperança. “Você já tem o amor em seu peito. Do que mais precisa? Não deixe esse amor parado. Espalhe-o pelos quatro cantos do mundo... e veja as trevas converterem-se na luz mais pura.” Ele levanta-se, passa a mão na grama, e olha para ela. Desce do céu Vênus. Aproxima-se dela e lhe diz, no ouvido. “Os homens estão fadados a amar. E errar. No fundo, a única diferença entre viver esse amor e não vivê-lo são as suas escolhas. É mais fácil escolher sabiamente do que perder um amor. Meu dom é teu.” É nesse momento que ele sente que precisa agir. Nada mudará se permanecer parado sobre a grama. Sorri para ela pela última vez, dá alguns passos para trás, respira fundo e começa a correr. Cada vez mais rápido. Cada vez mais decidido. E, sem pensar, entrega-se ao abismo.

Ela se assusta e grita o seu nome “Luis!” Não entende o que ele está fazendo. Não quer sua morte. Ele começa a cair. Ela vai até a beira da nuvem e estica as mãos, desesperada, suas lágrimas indo de encontro a ele. Ele cai. A chuva se enfurece. Os trovões, antes pacíficos, protestam do alto de sua majestade, fazendo tremer a terra. Aqui e ali estouram labaredas de fogo branco provocadas pela revolta dos raios.

Tudo acontece em câmera lenta. Passam por sua mente imagens de uma Felicidade absoluta, agora refém do Tempo. O vento tenta carregá-lo, não consegue e protesta para as árvores, chorando brisas. Agora a vida dele é do mar. O mesmo mar responsável pela chuva, pelas lágrimas e pela corrente de emoção que aproximou os dois. No entanto, o mar não o quer desta forma. Não quer para si a responsabilidade de matar um amor.

Então irrompe do oceano uma onda gigante, uma coluna maciça de água na direção do céu. O vento abre os olhos, pára de chorar e junta-se ao mar, dando forma à coluna. Já os vagalumes concentram-se e, num esforço quase divino, brilham como não o faziam à milênios, em homenagem. Ele cai sobre a coluna de água, não se machuca, e começa a ser levado até ela, ainda atordoado. A Natureza se une e cria uma sinfonia, uma ode ao amor verdadeiro. O mar o deixa carinhosamente sobre a nuvem dela. Ele está desacordado. Ela o olha de perto, passa os dedos sobre sua face. E o abraça com força. Por um segundo, muito mais do que um recomeço estava ameaçado. Uma vida, de fato, esvaía-se diante dos olhos dela – sangrando pelo coração. Ele acorda, e a beija. Os raios unem-se e fazem um círculo de energia em torno dos dois. A noite torna-se dia. A chuva, antes furiosa, se acalma e os acolhe com uma garoa delicada. A energia é tanta que ilumina até mesmo as sombras internas de cada um, perdoando-as.

A estória ainda não acabou. Quem poderá dizer que um amor desses tem fim? Nem Deus é capaz de pôr fim a um amor, pois Deus é amor absoluto, eterno, incorruptível. Deus, quando amamos, se mostra ainda mais presente dentro de nós.

Este texto é um testemunho do meu amor por você, Gata. Te amo acima de mim mesmo. Quero você comigo. Sou teu. Vamos continuar a estória, do nosso próprio pulso... É o convite que eu faço a você, do fundo da minha alma.



E a menina bonita que trabalha na produtora 6 andares acima está com depressão há alguns anos. Um ex-namorado morreu nos braços dela - 3 tiros, numa noite sombria em Ribeirão Preto. Tem outro namorado há 4, fala o que o cara veste, escolhe que ele come e (acreditem) diz se ele pode sair ou não... Conclusão: não vou pegar nem celular.
Sinto saudade da S., mas saudades normais. Estou tocando minha vida, colocando as coisas em ordem. Desde já peço a Deus por uma namorada mais normal, e me comprometo a ser mais "íntegro" e mais forte. Quero ser feliz. Vou deixar S. para trás, pelo menos como mulher. Eu sei que consigo. Só preciso dar tempo ao tempo e deixar o velho coração respirar um pouquinho. Talvez seja V. essa nova mulher. Talvez não. Mas enquanto isso vou tentar viver a vida com alegria e verdade, e eliminar de vez todos os defeitos responsáveis pelo fracasso com S. Tragédia grega, de novo, não obrigado!
Já em outro universo paralelo, comecei finalmente a gravar meu CD de trilhas sonoras ORIGINAIS de videogame. Está duca. Faltam Golden Axe 2 e Skitchin' (acho que é assim que se escreve), mas o resto dos clássicos está todo lá, em glorioso estéreo. Que delícia. Este sim vai ser um CD raro e para ouvidos MUITO selecionados - provavelmente apenas os meus ;)

7.5.02

Oi. Este é um começo de post lacônico. Lacaniano, não. Lacônico mesmo. Porque eu falei muito nos últimos posts. Exagerei. É. Eu sou muito verborrágico. Exagerado. Prolixo. Enrolado. Metido a escritor. Em suma, um chato (parece título de filme da nouvelle vague). Tá bom, eu paro. Juro.
Voltando ao normal, a grande novidade do dia é que recebi uma mensagem de V. no meu celular. Uma legítima SMS (não, não é Sega Master System). E vocês não vão acreditar: ela sonhou comigo. Disse que adorou me conhecer e tal. O que será que dá em uma mulher para ela escrever um negócio destes assim, de repente? Será que terminou com o namorado? Ou que está sentindo a minha falta? E olha que eu não falo com ela há mais de uma semana! Que mistério, meu caro Watson!
Quanto a S., prometi e decidi que vou deixar ela em paz. Lógico, sinto saudades, mas tenho que respeitar o que ela me pediu. E está acontecendo uma coisa engraçada; agora que sei MESMO que fiz tudo o que podia, sosseguei. É como se tudo só tivesse terminado de fato neste último domingo. Muito estranho. Agora, as únicas dores que sinto - e que deixo aflorar, sem medo - são as de um fim de namoro "normal" . E olha que o relacionamento foi tudo menos isso... Vai entender. Momento filosófico: cada dia tenho mais certeza de que se tivéssemos aula de educação emocional (ou coisa parecida) no colégio, o número de suicídios e da depressão em geral seriam muito menores. Essa sociedade em que a gente vive - monetária, superficial e racional ao extremo - massacra a emoção e acaba produzindo muito mais infelicidade do que felicidade propriamente dita. Eu senti isso na pele. O único jeito de enfrentar as dificuldades da vida sem afundar é entender e deixar fluir as emoções. Esta foi apenas uma das (dolorosas) lições da última semana.

6.5.02

Update rápido, já que estou sem muito tempo. S. - acabou de vez. Ela não quer mais nada comigo em termos de relacionamento. Temos a nossa conexão espiritual, a "maldição do corpo", carinho, etc e etc, mas não confiança e disposição. Isso resume a coisa toda. Pelo jeito, o negócio é a longa jornada sozinho mesmo. Estou me resignando; fiz tudo o que um homem pode fazer para recuperar uma mulher e mais um pouco. Usei de todas as armas. Se depois disso tudo ela ainda prefere ficar sozinha, é uma opção dela, assim como eu optei por terminar dois meses atrás. É duro, mas a vida é assim. Ficou aberta, pelo menos, a porta para uma amizade colorida, ou com "todas as cores" como eu defini uma vez, antes do namoro. Vamos ver o que acontece. Eu só peço um pouco de paz para o meu coração; ele já sangrou e gritou demais. Preciso descansar.
E como o dia está sendo movimentado, temos mais um furo: meu estágio vai acabar de fato no dia 18. Minhas cagadas também tiveram seu preço. Lógico que existem razões objetivas, desde o próprio programa de estágios até falta de espaço mesmo. Mas não estou destruído - óbvio que queria continuar, mas vou aproveitar esse "break" publicitário para me voltar para o cinema novamente. Estou com uma coceira criativa que pode acabar em coisa boa... Quem sabe, um Revés II (para quem não sabe, é o documentário responsável pela minha bolsa na FAAP).
Desde já agradeço aos meus amigos, aos meus pais e a Deus e seu exército de anjos pela ajuda na última semana. Hoje deve ser o primeiro dia em que meu coração não dói tanto, só um pouquinho. E isso, sem eu reprimí-lo, o que é ótimo. Um abraço para todos. Obrigado.

3.5.02

Hey, yo, let's go! Não precisam fazer essa cara, isso foi só pra começar o post de um jeito diferente. GRAÇAS A DEUS estou melhor. Muito melhor. Não sei direito a que se deve a minha recuperação - se é o remédio, uma mudança interna, o carinho da S. ou o apoio dos meus pais. Talvez um pouco de cada um. Não digo que esteja 100%, mas o horizonte não está mais completamente negro. Ufa.
Sábado está off, porque S. tem que trabalhar. Talvez eu a pegue no trabalho e depois a deixe em casa, mas isso não é certeza. O MASP, então, ficou para domingo. Por enquanto estou lidando bem com a ansiedade. Estou redescobrindo alguns prazeres que ficaram esquecidos durante a crise, como jogar Mega Drive no computador e assistir a filmes. Imaginem EU, Luis Eduardo Garcia Levy, sem vontade de assistir ao DVD do filme "O homem que não estava lá", que "só" está no cinema por aqui e "só" é a última obra-prima dos Irmãos Cohen... Assustador, indeed.
Para finalizar, vamos falar do famoso "Abril Despedaçado", de Walter Salles. Assisti quarta-feira, junto com meu amigo Nando. Na verdade, fui arrastado por ele para a sessão, porque meu instinto de aranha disparou e eu tinha certeza de que o filme não era grande coisa. E não era mesmo. Nós tínhamos ido assistir "O Invasor", este sim um absurdo de filme (que eu não vi ainda, mas já ouvi diversas críticas MAIS do que positivas) e em vez dele estava "Abril"... Fucking fascinating.
O filme NÃO é ruim. Preciso deixar isso bem claro. A técnica é perfeita: fotografia, som, edição. O negócio é que falta alma ao filme. Sim, você já ouviu isso antes. Talvez na Veja, sei lá. Mas é verdade, e eu senti isso claramente ao longo da projeção. A estória é forte mas também é, paradoxalmente, superficial. "Você mata o meu mano, eu mato você." Esta podia ser a story-line. O resto é tudo artificial, forçado mesmo, como a paixão do protagonista (Tonho) pela cuspideira de fogo. A love-story, por exemplo, acontece só porque tem que acontecer - assim como 2 + 2 = 4. Um problema sério.
E o pior de tudo é que os atores estão ótimos. Para variar, o problema do cinema brasileiro é a maldição temática (nordeste, carnaval e pobreza) e roteiro. Devíamos aprender com os australianos e franceses a fazer filmes que falam a língua do país inteiro, de temas verdadeiramente nacionais e não produtos de exportação "projetados" para abocanhar Oscars. Até porque esse tipo de filme NUNCA ganha nada, nem Globo de Ouro (pelo menos os brasileiros. Os americanos sabem "camuflar" as reais intenções de um longa bem melhor do que a gente).
Fica o óbvio: não gostei do filme. Achei chato, forçado, caça-níqueis. E lindo, épico, atmosférico. Enquanto nós, cineastas tupiniquins, não atingirmos um equilíbrio artístico básico nos filmes, para evitar situações como esta, a estória vai ser sempre a mesma. "O roteiro mata a fotografia, o som mata a direção" e pra variar todos nós morremos de fome. So long.

2.5.02

Olá, trago notícias do Reino dos Mortos... Brincadeirinha. Devo ter assustado alguns nessa. ;) Pelo jeito, tirei a cabeça da merda. Eu já estava com os pés encostando no fundo, aquelas algas marrons me puxando para baixo, me chamando pelo nome... Pretty bad. Mas graças a Deus fui inteligente o suficiente para pedir ajuda no mesmo dia - e recebê-la.
Eu sei que os meus pais não entendem metade da história com S. Eles nem querem mais ouvir falar nela. Não importa; são meus pais, com qualidades e defeitos, e nessas horas o melhor é ignorar este tipo de coisa e buscar a família. Olha só o que eu acabei de falar... Eu devo estar enlouquecendo mesmo. De qualquer forma, estou melhor. Mais focado, tentando botar ordem na casa. Tenho duas opções: A) Sábado vou na exposição do MASP com ela e nós temos um fim cheio de carinho, amor, ainda assim um fim. Diferente do último, que foi aquela tragédia. B) Mesma locação. Ficamos, curtimos cada segundo, passamos o dia inteiro juntos. Começamos a reconstruir lentamente o que há de melhor entre nós dois.
Essa divisão, e a certeza de que estou fazendo tudo o que posso para consertar a situação, seja junto com ela ou não, é o que me mantém mais tranquilo. Já comecei a me perdoar por todos os erros e aprendi a duras penas que é muito mais fácil perdoar os outros. Somos mais exigentes com nós mesmos. Vamos ver o que acontece. Tenho esperança de que Vênus vai sorrir para mim, e iluminar as minhas ações. Ainda assim, talvez isso não seja o suficiente, e só reste a longa jornada adiante... sozinho. De qualquer forma, só peço que a Luz do Deus dentro de mim ultrapasse as trevas que envolvem a minha alma, para que eu aja com o coração e atinja, finalmente, a Felicidade. Desejem-me boa sorte.

1.5.02

Dessa vez a coisa foi feia. Posso dizer que fui até o fundo do poço na segunda e na terça. Não fui na faculdade, passei o dia inteiro com um aperto no peito, chorei pra caramba. Sim, quase entro em depressão. Ainda bem que já procurei ajuda, comecei a tomar um remédio para a agonia e hoje estou melhor, apesar de ainda estar meio ansioso. Tudo por causa de uma maldita paixão mal-resolvida e do meu exagero básico. Sim, eu sei que este é um momento de crescimento importantíssimo, mas quem disse que crescer não dói? Dói muito. Li alguns depoimentos do que é depressão em um site e fiquei assustado. Meu Deus, que pesadelo. Acho que eu já tive "momentos depressivos" antes, só não sabia que tinham esse nome. Meu avô paterno teve depressão, provavelmente por causa da tuberculose que ele pegou no começo da vida - e que se curou milagrosamente. De qualquer forma, fiquem tranquilos. Ainda estou vivo. Começa agora uma luta para me tornar mais forte, para achar a força e a energia que todos nós precisamos para encarar o dia-a-dia dentro de mim. E já que estamos falando desta energia, vou aproveitar e colocar aqui a minha oração pessoal, recebida por intuição pura, que é mais ou menos assim:

"Fogo interior, que consome a minha alma
Queime apenas o mal
Queime a raiva e o desespero
E deixe a vida brilhar
Como a chama de um isqueiro
Que nunca vai se apagar."

Assim seja

29.4.02

Dor, dor, dor. Eu diria que 70% desta dor é saudade da minha ex-namorada, S. No vimos ontem, Domingo, e ficamos depois. Eu quero ela de volta. Esse negócio de ficar tentando me convencer de que superei ela, de que quero outras é conversa fiada. Ainda estou apaixonado. Os outros 30% devem-se a um sentimento de culpa. Errei feio no meu trabalho. Me coloquei errado, passei por cima das pessoas - e das suas dificuldades. Fui intenso demais. Como um furacão. Não dá para viver assim, vivendo cada coisa 200%. É demais pra mim. E pros outros. O horizonte se descortina negro. A mulher que eu amo está muito ferida. Minha posição no meu trabalho seriamente ameaçada. Nessas horas eu penso que viver dá muito trabalho. Dói demais. Se vou conquistar ela de novo? Não sei. Talvez como namorada, nunca. É engraçado, eu sou igualzinho àqueles poetas do mal-do-século. Também penso em pular fora deste trem lá pelos 20 anos... Não, não vou me matar. Mas que a dor é quase insuportável, isso é. "Quando isso vai parar?!" Me pergunto isso todo dia. Tenho que ser 3 ao mesmo tempo, e isso cansa. Mas todo mundo tem que ser assim. Eu preciso me habituar. Adeus, mundo cruel.

26.4.02

Finalmente online o primeiro manifesto da Resistência ao M&M (restaurante por quilo da região da Vila Olímpia). Apreciem com moderação.


Introdução

Comer é uma necessidade básica do ser humano. Se não nos alimentamos ao longo do dia, cedo ou tarde nosso corpo definhará e partiremos desta para melhor. Comer, então, mais do que uma necessidade é uma obrigatoriedade.

Trabalhar não chega a ser uma necessidade básica, mas talvez possamos classificá-la como necessidade secundária. Se não trabalhamos, cedo ou tarde nossa conta bancária definhará e partiremos para debaixo da ponte. Trabalhar, então, mais do que uma necessidade secundária é um dado de realidade.

Quando juntamos as duas necessidades acima, comida e trabalho, o resultado é a chamada "hora de almoço". Comer para trabalhar, trabalhar para comer. Todos nós partilhamos desta dupla de verbos e suas conseqüências em nossas vidas - para não falar de nossos estômagos.

Então chegamos ao âmago da questão: onde comer? As opções são muitas. Podemos deixar um mês de salário em qualquer Leopoldo da vida ou um dos rins no cachorro-quente da esquina. No fundo, o que diferencia um lugar do outro é o custo, em outras palavras "quanto de nosso dinheiro estamos dispostos a gastar para comer e ganhar mais dinheiro". Claro que sempre escolhemos o mais barato, seja por mera economia ou masoquismo mesmo. Esta é, aparentemente, a gênese do M&M. Aparentemente.

Reconhecendo o inimigo

Não se enganem com a versão de que o nome "M&M" é composto das iniciais dos donos do estabelecimento. Vejam bem, esta é a primeira estratégia de desinformação: tentar convencer-nos de que aquilo é algo familiar, feito com muito amor e carinho. Não caiam nessa.

Na verdade, M&M deve ser entendido como M ao quadrado - mais exatamente "morte" ao quadrado - porque eles tentam te matar primeiro na entrada e depois na saída. Não há como contestar esta teoria. Pense em todas as vezes em que você foi almoçar no M&M, naquele cheiro indefinido que infesta o lugar. Aquilo é um veneno poderosíssimo, feito da combinação infernal dos odores tanto dos alimentos quanto dos frequentadores. Muitos já caíram devido a esta tática desleal, inspirada diretamente pelas câmaras de gás nazistas.

O segundo M é aquele provocado pela ingestão dos alimentos “by M&M”. Você pensa que aquilo é frango à passarinho, mas na verdade é um implante intro-intestinal de tecnologia russa, utilizado há décadas pelos países da Cortina de Ferro como instrumento de controle mental (daí aquela expressão “pegar pela barriga”) e notório pelas diarréias épicas no meio da madrugada. Sua mais conhecida vítima é Boris Yeltsin. A verdadeira função do implante no esquema nefasto do M&M será discutida no próximo parágrafo.

OBS: Vale ressaltar que a adição do álcool ao implante quadruplica sua intensidade. Agora aposto que aquelas garrafas de “objeto verde não-identificado” e catuaba posicionadas tão “inocentemente” ao lado da fila já não parecem tão deslocadas…

Indo mais fundo no Império do Mal

Como o leitor já deve ter suspeitado, o pessoal por trás do M&M é muito mais do que uma cooperativa de homicidas gastronômicos. Eles, na verdade, querem simplesmente dominar o mundo. As duas tentativas de assassinato tão exemplarmente simbolizadas pelo nome são um mecanismo de seleção artificial, destinado a eliminar aqueles que não se encaixam nos novos padrões alimentícios envisionados pelo “Novo Regime”. Assim, permanece vivo apenas quem é considerado apto para o processo de assimilação – já devidamente inscrito no Programa de Controle Mental.

Aqui cabe uma advertência. Não nos iludamos ao pensar que esta organização criminosa é inofensiva só porque possui apenas uma filial. O McDonalds começou exatamente assim, como os mesmos objetivos, e só não conseguiu realizar o seu intento (adivinhe qual) graças à luta subterrânea e solitária da Resistência. Viveríamos num mundo onde toda a culinária regional seria declarada ilegal e as únicas vestimentas aceitas aquela roupa ridícula do Ronald McDonald. Sim, é assustador. Mas o que nos reserva um mundo governado pela mão de aço do M&M é muito pior. A culinária regional será mantida, porém tudo terá o mesmo gosto indeterminado. Serão proibidos cozinhar em casa, comer em restaurantes e até fazer um Toddy no meio da noite. Tudo isso porque o mecanismo de dominação do M&M está contido na comida – e dela depende para sua perpetuação.

Retroceder nunca, render-se jamais

Está nas suas mãos a salvação da Humanidade. Não caia vítima da sedução do preço, do pé direito baixo, da aparente “informalidade” do M&M. Lembre-se quem eles realmente são. E o que querem fazer com VOCÊ.

É melhor perder um rim no cachorro quente da esquina. É melhor perder o almoço e comer o dobro na hora do jantar, na segurança de casa. É melhor gastar mais dinheiro e ter que trabalhar mais para tapar o buraco no orçamento. Estas são todas contra-medidas consagradas na luta contra o Império do M&M. Não é preciso pegar em armas para fazer parte da Resistência. Basta não comer lá.

Esta é uma hora crítica. Os números dos freqüentadores do M&M aumentam exponencialmente. Faça a sua parte e contribua para um futuro livre, limpo e saboroso. Faço votos de que a ameaça M&M seja neutralizada a tempo.

Que Deus tenha piedade de nós.

____________________________
Conde de Montecristo IV
Comandante Geral da Resistência

24.4.02

Falei com o Nemonox para ele dar uma olhada no blog, ele olhou e disse: faltam links. Hipertexto já! É que eu não sabia como colocar links. Sou meio anabafeto de HTML. Mas agora eu sei. Aguardem. Enquanto isso, valeu Nemo!

Lembram que eu havia dormido só 3 horas e meia de segunda para terça-feira? E que tinha deixado meu status de animal para abraçar a causa mineral? Eu mal sabia o que me esperava. Depois de algumas horas de trabalho, até mineral eu deixei de ser. Que sono, que preguiça, que merda! Eu mais parecia um PC-XT chapado, uma ameba sem destino. Simplesmente não dava para pensar. E criar. Eu trabalho com publicidade (sim, eu sei que vou pro Inferno) e não conseguia escrever nada que prestasse. A coisa ficou realmente crítica.
Ainda assim, no meio do pântano que se tornou o meu cérebro (olha que figura de linguagem legal) brotaram alguns títulos interessantes. Se isso não é talento, eu juro que não sei o que é. E o dia passou, a noite chegou e eu fui para a faculdade. Foi o último dia da Mostra de Curta-metragens da FAAP. Eu tenho que admitir que o nível das produções aumentou assustadoramente. Nem parece FAAP - tem muito mais cara de USP, indício claro de que a última está realmente em decadência. Dois filmes são sensacionais: "O Telepata", uma adaptação de uma peça (eu acho) do Plínio Marcos e "Bípedes", digamos que um "Magnólia" verde-amarelo. Os dois são absurdos, de uma profundidade e sensibilidade totalmente incomuns para cinema universitário. "O Telepata", por exemplo, usa a estética do cinema marginal (Boca do Lixo e etc) para contar a estória de um telepata idoso, que sobrevive fazendo shows "de mentirinha" em um cabaré (a auxiliar de palco dele é uma prostituta!); já "Bípedes" mostra uma cena de sexo explícito forte até para padrões pornôs, além de retratar com muito senso crítico a hipocrisia da burguesia paulistana e a realidade totalmente surreal em que a gente vive. Estes foram os Oscars, mas também merecem ser mencionados "O Presente", ainda que muito publicitário, "Como comi Darlene" (idem) e "Nervos de Aço", um musical feito sob medida para ganhar os Festivais GLS da vida. Teve também o curta do Flávio Dezorzi, vulgo "Gláuber" faapiano, mas eu tenho que admitir que não tenho muita paciência com este tipo de filme. Dá vontade de falar "Vai fazer uma terapia, porra!". Não digo que não tenha méritos artísticos - tem, e de sobra. O Flávio é sim uma das "revelações" da FAAP. Eu só não sei por que ele se prende nesse negócio de Cinema Novo (que está mais para Cinema Velho hoje em dia). Fico imaginando como serão as produções verdadeiramente "autorais" dele.
Para finalizar, já que a essa altura do campeonato já devo ter matado uns 15 de overdose literária (o que é impossível, porque dos 7 pageviews desse blog pelo menos 6 são meus ;) vou falar um pouquinho de um filme que eu curto pra caramba: Batman, o Retorno (1992). Da última vez que peguei ele, parei logo no comecinho - e a última antes dessa tinha sido em Laserdisc (sinônimo: fóssil tecnológico). Não terminei ainda, mas já topei com diversas coisas que nunca tinha reparado. O filme é profundo pacas, fala de um monte de coisa nas entrelinhas - como por exemplo a "crise de identidade" do homem-morcego, derivada do ainda imbatível "Cavaleiro das Trevas", de Frank Miller. O lance dele e da Mulher-Gato também tem muito subtexto - coisas para se pensar. Mas tirando de lado o aspecto "cerebral" da coisa, o filme ainda é um tesão de assistir. Cenografia 10, ação 10, tudo 10. Aquele batmóvel MARAVILHOSO. Meu, eu queria ser o Batman só pra dar uma voltinha no bicho. Só um passeio curto, daqui até a Sibéria...

23.4.02

Segunda feira passou batido total... Fiquei trabalhando e depois simplesmente esqueci do blog. Acontece. Mas hoje eu me redimo. Vou falar de um assunto que muito me interessa. Música de videogame. Pronto, falei.
"Ah, seu nerd." Olha, vocês podem calar a boca. Que atire a primeira pedra quem não passou horas jogando nintendinho, master system, mega drive e snes na infância... E na adolescência... E com 21 anos. Tá, com 21 anos talvez seja um indício de nerd. Anyway, estou falando tudo isso porque passei a madrugada de ontem (das 11 da noite até as 3 da matina) baixando TODOS os jogos de mega drive de uma página e ouvindo as trilhas sonoras num stereo maravilhoso... Alto pra caramba. Acho que esse é o verdadeiro samadhi - ouvir as suas música de infância nas versões originais, com caixas JBL e um subwoofer porcaria, mas que quebra bem o galho, saboreando cada nota, cada instrumento sintetizado. Foi muito bom. Tão bom que "esqueci" que tinha que acordar às 8 da manhã para trabalhar no dia seguinte... O que explica meu atual estado mental de mineral (muito pior que vegetal, que já é lesado por natureza). Mas como eu me diverti... Sabe aquelas horas em que é simplesmente DO CARALHO ter Speedy, um joystick com 10 botões, 60GB de disco e mais de 400 roms do seu videogame de infância? Aquele que foi roubado do seu sítio por uns filhas da puta, depois de anos de convivência e muita nostalgia? (eu explico essa história outro dia) E tive uma idéia: vou extrair o áudio original de obras-primas como Streets of Rage, Streets of Rage II, Golden Axe, Street Fighter II Champion Edition, Road Rash e montar um CD. Puta, como vai ser bom escutar no carro estas músicas... Já tô até ansioso. E podre, absolutamente podre de sono.
Update compacto de relacionamentos: M. está estranha. Novidade. V. está na Bahia. Fuck. E eu estou sozinho - na caça, por assim dizer.

21.4.02

Vou colocar alguns trabalhos aqui. Coisas produzidas. Coisas que falam alguma coisa do que eu gosto e/ou acredito. Vocês podem me mandar um e-mail xingando, se for o caso.



Análise: 3 minutos de Cabo do Medo (1991)

Timecode inicial: 1:13:36
Timecode final: 1:17:30
Capítulo (DVD): 12

O trecho escolhido é aquele em que Max Cady é atacado por três homens ao sair de seu Mustang vermelho.

A sequência começa com Cady saindo de seu carro, após estacioná-lo de frente a uma parede de tijolos. Scorsese opta pelo uso da grua, primeiramente pegando o carro de um ângulo superior centralizado (para situar o público) para depois descer focalizando a lanterna traseira esquerda. Em seguida, Cady ouve alguém chamá-lo e, ao virar-se, é atingido por um taco de baseball na boca do estômago. Este primeiro ataque é tão súbito que não temos tempo de ver quem é o atacante. Dramaticamente, o público é pêgo de surpresa juntamente com Max e acaba, inconscientemente, identificando-se com ele – aproximando-se ainda mais dos fatos. Temos então um trecho curto em que a montagem torna-se cada vez mais frenética, através de cortes rápidos e irregulares. O resultado é uma carga de tensão sempre crescente.

Utilizando então o recurso da câmera no ombro – uma forma muito eficiente de aumentar a veracidade de qualquer cena – Scorsese coloca-nos no meio da ação e somos forçados a participar do espancamento. No meio da confusão surge um dolly in violento, cuja função é enfatizar a presença de Sam Bowden na cena do crime, mostrando ao público o nervosismo do personagem. Dele voltamos para a ação primária. A grua volta a ser usada, e vemos Cady caído no chão, rodeado pelos três atacantes. É então que o dolly in citado anteriormente chega ao seu final, com um close up fechadíssimo de Sam, que pensa que está tudo terminado.

É neste momento que muda novamente a estratégia do diretor. Recapitulando; no início foram utilizados grua, câmera no ombro e montagem rápida para enfatizar a tensão da sequência, intercaladas. Agora, no entanto, Scorsese busca uma aproximação maior do que um close up – e a única forma de se fazer isso é através do PDV ou POV (Ponto de vista / Point of view). Assistimos à reação de Max tanto através de seus olhos quanto dos agressores e testemunhamos a virada de jogo num estado de confusão mental e emocional. Isto acontece porque já havíamos nos identificado com Cady quando começa o espancamento, a despeito deste ser o “vilão” da história, e agora experimentados uma satisfação ao vê-lo vingar-se que nossa consciência ou superego com certeza condenam.

A sequência divide-se em duas instâncias: de um lado Max Cady; do outro, Sam Bowden. Sam esbarra na lata de lixo e Cady começa a suspeitar de que ele está lá. Esta situação específica – alguém estar escondido e subitamente chamar a atenção para o seu esconderijo – é um clássico dos filmes de suspense, porque mexe com o que há de mais instintivo no ser humano. Scorsese não relaxa a mão e faz uso exemplar dos planos e contra-planos distantes, ameaçando constantemente “denunciar” a presença de Bowden. A dramaticidade é tão forte que sentimos aquela desconfortável sensação do tempo “parar” numa hora inoportuna.

Ao final, Max não descobre Sam. Mas isto não faz a menor diferença, pois ele “sabe” que Sam estava lá. A sequência termina com um close de Sam, colado na lata de lixo, tremendo de ansiedade e medo. Scorsese utilizou tão bem as ferramentas da montagem nesta sequência específica que praticamente tornou desnecessária a trilha sonora. Só ouvimos os ruídos da luta (muito bem feitos, por sinal). Um sinal claro de que o diretor tinha consciência do que devia ser passado através das imagens e do som, evitando a “contaminação” de um pelo outro.
Antes que alguém se assuste com o título do blog: no começo era só "confraria", mas eu sentia que faltava alguma coisa. Se alguém já desconfiou, sou cinéfilo de carteirinha e também estudo cinema na FAAP (quinto semestre, à noite). Sou viciado naqueles filmes de Hong Kong cheios de tiroteios heróicos e sangue para todo lado, principalmente os filmes antigos do John Woo. Taí, "Confraria de Assassinos"!
Tá, vocês podem não achar a idéia tão brilhante assim. Vocês tem esse direito. Pelo menos até eu ter mais PUDERRR!!!
Bem, aqui começa mais um blog. Acho que todo começo é meio igual, né? Então não vou ficar tentanto inovar e acabar falando um monte de merda... Vou poupar vocês dessa.
Depois desse início promissor, acho que deu para perceber que o meu humor não tá dos melhores hoje. Estou um pouco de ressaca, só um pouco mesmo. É mole descobrir que o seu corpo de repente não quer mais saber de álcool?! É como um dia não conseguir mais assistir tv, ou ir no cinema. Um prazer a menos. Não consigo mais beber nada em balada. Quando muito, cerveja. Vodka, uísque (ou whisky para os puristas), nem pensar. Alguém devia ter me avisado que o corpo pode pregar umas peças dessas na gente.
Mas não é só isso. Na última balada, o Skol Beats deste Sábado, tive (mais) uma decepção amorosa. Fucking great. Pelo jeito esse ano vai ser aquela beleza em matéria de relacionamentos. Primeiro S., minha ex-namorada de 8 meses e litros de lágrimas, depois V., meu atual alvo (que está trabalhando fora do Estado e só volta em 1 mês) e agora M., mal-resolvida amizade colorida de mais de 5 anos... Como dizia aquele personagem de desenho animado (que eu não lembro quem é) "Oh vida, oh azar..."