3.5.02

Hey, yo, let's go! Não precisam fazer essa cara, isso foi só pra começar o post de um jeito diferente. GRAÇAS A DEUS estou melhor. Muito melhor. Não sei direito a que se deve a minha recuperação - se é o remédio, uma mudança interna, o carinho da S. ou o apoio dos meus pais. Talvez um pouco de cada um. Não digo que esteja 100%, mas o horizonte não está mais completamente negro. Ufa.
Sábado está off, porque S. tem que trabalhar. Talvez eu a pegue no trabalho e depois a deixe em casa, mas isso não é certeza. O MASP, então, ficou para domingo. Por enquanto estou lidando bem com a ansiedade. Estou redescobrindo alguns prazeres que ficaram esquecidos durante a crise, como jogar Mega Drive no computador e assistir a filmes. Imaginem EU, Luis Eduardo Garcia Levy, sem vontade de assistir ao DVD do filme "O homem que não estava lá", que "só" está no cinema por aqui e "só" é a última obra-prima dos Irmãos Cohen... Assustador, indeed.
Para finalizar, vamos falar do famoso "Abril Despedaçado", de Walter Salles. Assisti quarta-feira, junto com meu amigo Nando. Na verdade, fui arrastado por ele para a sessão, porque meu instinto de aranha disparou e eu tinha certeza de que o filme não era grande coisa. E não era mesmo. Nós tínhamos ido assistir "O Invasor", este sim um absurdo de filme (que eu não vi ainda, mas já ouvi diversas críticas MAIS do que positivas) e em vez dele estava "Abril"... Fucking fascinating.
O filme NÃO é ruim. Preciso deixar isso bem claro. A técnica é perfeita: fotografia, som, edição. O negócio é que falta alma ao filme. Sim, você já ouviu isso antes. Talvez na Veja, sei lá. Mas é verdade, e eu senti isso claramente ao longo da projeção. A estória é forte mas também é, paradoxalmente, superficial. "Você mata o meu mano, eu mato você." Esta podia ser a story-line. O resto é tudo artificial, forçado mesmo, como a paixão do protagonista (Tonho) pela cuspideira de fogo. A love-story, por exemplo, acontece só porque tem que acontecer - assim como 2 + 2 = 4. Um problema sério.
E o pior de tudo é que os atores estão ótimos. Para variar, o problema do cinema brasileiro é a maldição temática (nordeste, carnaval e pobreza) e roteiro. Devíamos aprender com os australianos e franceses a fazer filmes que falam a língua do país inteiro, de temas verdadeiramente nacionais e não produtos de exportação "projetados" para abocanhar Oscars. Até porque esse tipo de filme NUNCA ganha nada, nem Globo de Ouro (pelo menos os brasileiros. Os americanos sabem "camuflar" as reais intenções de um longa bem melhor do que a gente).
Fica o óbvio: não gostei do filme. Achei chato, forçado, caça-níqueis. E lindo, épico, atmosférico. Enquanto nós, cineastas tupiniquins, não atingirmos um equilíbrio artístico básico nos filmes, para evitar situações como esta, a estória vai ser sempre a mesma. "O roteiro mata a fotografia, o som mata a direção" e pra variar todos nós morremos de fome. So long.

2.5.02

Olá, trago notícias do Reino dos Mortos... Brincadeirinha. Devo ter assustado alguns nessa. ;) Pelo jeito, tirei a cabeça da merda. Eu já estava com os pés encostando no fundo, aquelas algas marrons me puxando para baixo, me chamando pelo nome... Pretty bad. Mas graças a Deus fui inteligente o suficiente para pedir ajuda no mesmo dia - e recebê-la.
Eu sei que os meus pais não entendem metade da história com S. Eles nem querem mais ouvir falar nela. Não importa; são meus pais, com qualidades e defeitos, e nessas horas o melhor é ignorar este tipo de coisa e buscar a família. Olha só o que eu acabei de falar... Eu devo estar enlouquecendo mesmo. De qualquer forma, estou melhor. Mais focado, tentando botar ordem na casa. Tenho duas opções: A) Sábado vou na exposição do MASP com ela e nós temos um fim cheio de carinho, amor, ainda assim um fim. Diferente do último, que foi aquela tragédia. B) Mesma locação. Ficamos, curtimos cada segundo, passamos o dia inteiro juntos. Começamos a reconstruir lentamente o que há de melhor entre nós dois.
Essa divisão, e a certeza de que estou fazendo tudo o que posso para consertar a situação, seja junto com ela ou não, é o que me mantém mais tranquilo. Já comecei a me perdoar por todos os erros e aprendi a duras penas que é muito mais fácil perdoar os outros. Somos mais exigentes com nós mesmos. Vamos ver o que acontece. Tenho esperança de que Vênus vai sorrir para mim, e iluminar as minhas ações. Ainda assim, talvez isso não seja o suficiente, e só reste a longa jornada adiante... sozinho. De qualquer forma, só peço que a Luz do Deus dentro de mim ultrapasse as trevas que envolvem a minha alma, para que eu aja com o coração e atinja, finalmente, a Felicidade. Desejem-me boa sorte.

1.5.02

Dessa vez a coisa foi feia. Posso dizer que fui até o fundo do poço na segunda e na terça. Não fui na faculdade, passei o dia inteiro com um aperto no peito, chorei pra caramba. Sim, quase entro em depressão. Ainda bem que já procurei ajuda, comecei a tomar um remédio para a agonia e hoje estou melhor, apesar de ainda estar meio ansioso. Tudo por causa de uma maldita paixão mal-resolvida e do meu exagero básico. Sim, eu sei que este é um momento de crescimento importantíssimo, mas quem disse que crescer não dói? Dói muito. Li alguns depoimentos do que é depressão em um site e fiquei assustado. Meu Deus, que pesadelo. Acho que eu já tive "momentos depressivos" antes, só não sabia que tinham esse nome. Meu avô paterno teve depressão, provavelmente por causa da tuberculose que ele pegou no começo da vida - e que se curou milagrosamente. De qualquer forma, fiquem tranquilos. Ainda estou vivo. Começa agora uma luta para me tornar mais forte, para achar a força e a energia que todos nós precisamos para encarar o dia-a-dia dentro de mim. E já que estamos falando desta energia, vou aproveitar e colocar aqui a minha oração pessoal, recebida por intuição pura, que é mais ou menos assim:

"Fogo interior, que consome a minha alma
Queime apenas o mal
Queime a raiva e o desespero
E deixe a vida brilhar
Como a chama de um isqueiro
Que nunca vai se apagar."

Assim seja

29.4.02

Dor, dor, dor. Eu diria que 70% desta dor é saudade da minha ex-namorada, S. No vimos ontem, Domingo, e ficamos depois. Eu quero ela de volta. Esse negócio de ficar tentando me convencer de que superei ela, de que quero outras é conversa fiada. Ainda estou apaixonado. Os outros 30% devem-se a um sentimento de culpa. Errei feio no meu trabalho. Me coloquei errado, passei por cima das pessoas - e das suas dificuldades. Fui intenso demais. Como um furacão. Não dá para viver assim, vivendo cada coisa 200%. É demais pra mim. E pros outros. O horizonte se descortina negro. A mulher que eu amo está muito ferida. Minha posição no meu trabalho seriamente ameaçada. Nessas horas eu penso que viver dá muito trabalho. Dói demais. Se vou conquistar ela de novo? Não sei. Talvez como namorada, nunca. É engraçado, eu sou igualzinho àqueles poetas do mal-do-século. Também penso em pular fora deste trem lá pelos 20 anos... Não, não vou me matar. Mas que a dor é quase insuportável, isso é. "Quando isso vai parar?!" Me pergunto isso todo dia. Tenho que ser 3 ao mesmo tempo, e isso cansa. Mas todo mundo tem que ser assim. Eu preciso me habituar. Adeus, mundo cruel.